Abstract:
Objetivo avaliar a percepção clínica do padrão de abertura bucal em relação ao tipo
e ao lado do movimento por cirurgiões dentistas de diferentes formações e em
diferentes condições clínicas. Metodologia: Um questionário digital e online (google
forms) contento 12 vídeos com diferentes padrões de abertura bucal e fatores de
interferência (amplitude do desvio, desvio de linha média em máxima
intercuspidação habitual e presença de aparelho ortodôntico fixo), foi divulgado por
meio de um link, onde cirurgiões dentistas com diferentes formações responderam
quanto ao tipo de abertura e o lado para qual o desvio ocorreu (quando existia). Os
vídeos foram criteriosamente gravados, selecionados e editados, com o intuito de
simular o atendimento clínico, seguindo os comandos do DC/TMD. Os vídeos foram
publicados em um canal no Youtube com acesso restrito, sendo visualizados apenas
pelos que receberam o convite para pesquisa. Os participantes foram divididos em 3
grupos de acordo com a sua formação, sendo G1 estudantes do curso de
odontologia, G2- cirurgiões dentistas que não apresentavam formação em prótese
dentário e/ ou disfunção temporomandibular e dor orofacial; G3- cirurgiões dentistas
especialistas em prótese dentaria e G4 cirurgiões dentistas especialistas em DTM e
DOF. Os dados foram automaticamente tabulados, pela própria plataforma (Google
Docs), gerando um arquivo no formato Excel (Microsoft Office) e as respostas foram
categorizadas em acertos e erros. A análise estatística foi realizada por meio do
Software Bioestat 1.0. Adotou-se uma referência de significância de 5%.
Resultados: Foram um total 136 respostas sendo G1 n= 40, G2 n= 49, G3 n=19 e
G4 n= 28. A análise estatística do índice de acerto para o tipo do desvio mandibular
foi menor em G1, maior em G4, G2 e G3 tiveram resultados semelhantes e
intermediários (P=0,018). O índice de acerto referente ao lado do movimento não
teve diferença entre os grupos avaliados (p>0,05). Os desvios menores do que 2
mm foram mais difíceis de serem percebidos quando comparados aos desvios
maiores do que 2mm (p<0,001) em relação ao padrão de abertura bucal. Os
movimentos que apresentaram desvio de linha média em MIH maior do que 1mm
bem como os que apresentavam aparelho ortodôntico fixo, também tiveram sua
percepção dificultada quando comparados a movimentos sem desvio de linha média
e sem a presença de aparelho ortodôntico fixo, respectivamente (p<0,05).
Conclusão: o uso de aparelho fixo, a presença de desvio de linha média em MIH
dificultam a percepção clínica do trajeto mandibular. Desvios com amplitudes
maiores que dois milímetros são mais facilmente identificados. O nível de
formação/experiência do cirurgião-dentista influencia na taxa de acertos da
avaliação do trajeto mandibular, sendo que os especialistas em DTM e Dor Orofacial
são os mais preparados para este tipo de exame. Sendo assim, o treinamento e a
calibração na execução da avaliação dos padrões de abertura e fechamento bucal
devem ser realizados com cautela, com o intuito de excluir possíveis diagnósticos,
evitar exames complementares não necessários e sobretratamentos.